Preciso aprender a não te querer. Ou pelo menos disfarçar.
Preciso aprender a não demonstrar meu amor por ti assim de forma tão honesta.
Preciso demitir a naturalidade da nossa relação.
Preciso não te devolver os “eu te amo” e apenas, timidamente te dar um beijo na testa.
Preciso esconder a saudade que sinto de ti todos os dias e ignorar tuas mensagens, talvez te mande um simples olá no final do dia, quando já tiver escrito e apagado todas as músicas, frases e declarações que quis te mandar.
Preciso desaprender até teu telefone que minha memória, que sem pedir licença, gravou.
Tenho que desviar mais meu olhar do teu, pra esconder meu interesse lancinante e de alguma forma não te deixar notar o brilho que ele emana quando estás por perto.
Tenho que me mostrar menos interessada, cativada, encantada com o que tu falas.
Tenho que aprender, como diz o Chico, a te adorar pelo avesso, te maldizer, te humilhar. Talvez até te tratar um pouco mal, te lançar um certo desprezo.
Tenho que tentar não deixar transparecer o quanto é bom amanhecer nos teus braços e evitar os carinhos matinais, enquanto engulo todas as palavras doces que teimam em querer saltar assim, em cima de ti.
É redundante, mas tenho que lembrar de esquecer muitas coisas.
De esquecer de ser pontual em nossos encontros, de te ligar para te confessar coisas ou simplesmente dizer que pensei em ti, de pensar em ti até, de te encontrar em cada vitrine, cada banca de revista, cada música, cada notícia ou trecho que livro que me faça lembrar de ti.
Preciso aprender a não te querer e quem sabe assim, me queiras tanto quanto eu.
Quem sabe se eu fingir um pouco, o meu falso desamor e desinteresse te façam me procurar mais, me amar mais, te provoquem a dúvida dolorosa de quem ama e não é correspondido. Quem sabe a minha fuga te instigue a conquista e de repente queiras conquistar aquilo que eu muito bem omiti que já era teu.
(Fonte: Blog da Lully)
