CÍRIO: a eterna lembrança de minha mãe.

Círio de Nossa Senhora de Nazaré: a maior festa religiosa do mundo. Assim os mais otimistas já destacam o grande evento de demonstração de fé que é o Círio de Nazaré.

Falar do Círio é esquecer conceitos racionais para viajar no abstrato mundo da fé e da espiritualidade. Como paraense da gema, tenho muitas lembranças maravilhosas dessa festa religiosa que acontece há 214 anos no segundo domingo de outubro. Entretanto, uma é prepoderante no meu subconsciente: a minha saudosa mãe... Com ela aprendi algumas tradições, como, caminhar descalço a procissão de 3,6 km, freqüentar a vigília na madrugada do sábado em Ananindeua; e até mesmo, ir ao arraial de Nazaré para comer carne de sol. O medo dos fogos de artifício também são herdados da dona Candinha.

Talvez, por isso, sinto tanta saudade dela no mês de outubro (sentimento que está comigo todos os dias do ano, mas que aumenta no período do Círio). E este, já é um segundo ano em que sua caminhada ao meu lado é apenas espiritual. Sei que pela sua fé, devoção e bom caráter, hoje minha mãe está em bom lugar (eu mesma já sonhei com ela me afirmando isto), mas, putz....nada dói mais do que a saudade, do que a vontade de viver um momento ao lado de uma pessoa e ela não estar fisicamente...por isso, não tenho como conter as minhas lágrimas. Mesmo sendo reconhecida entre os amigos como uma "pessoa fria", não sou de ferro. Os exemplos de fé e devoção à Virgem de Nazaré que acompanho durante a procissão têm como ícone em meus pensamentos a minha mãe. Mulher guerreira e de luta, com defeitos como qualquer ser humano, mas com uma fé inabalável. Talvez por isso tenha ido tão cedo para o lado da Nazinha, minha mãe do céu.